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A DINASTIA DOS ALTAVILLA: DE GUERREIROS NORMANDOS A REIS DO MEDITERRÂNEO


Mosaico medieval de Rogério II da Sicília sendo coroado por Cristo, Capela Palatina, Palermo
Mosaico medieval de Rogério II da Sicília sendo coroado por Cristo, Capela Palatina, Palermo

A Dinastia dos Altavilla — ou Hauteville, em francês — é um dos exemplos mais notáveis de expansão normanda além da França durante a Idade Média.Originários de uma pequena linhagem nobre da Normandia, os Altavilla conquistaram o sul da Itália e a Sicília, fundando um reino multicultural que influenciou profundamente a história europeia e mediterrânea.


Origens: Tancredo de Hauteville e a partida para a Itália


Segundo Goffredo Malaterra (De Rebus Gestis Rogerii Calabriae et Siciliae Comitis), a família Hauteville teve início com Tancredo de Hauteville, um modesto senhor normando do século XI.Devido à fragmentação de terras entre muitos herdeiros, vários de seus filhos partiram em busca de fortuna.O sul da Itália, então politicamente fragmentado entre bizantinos, lombardos e muçulmanos, oferecia terreno fértil para aventureiros como eles.


A Conquista do Sul da Itália


De acordo com John Julius Norwich (The Normans in the South), os primeiros Altavilla na Itália, como Guilherme Braço de Ferro e Drogo, atuaram como mercenários a serviço de senhores locais.Entretanto, rapidamente passaram de soldados a senhores de terras.

O mais célebre deles, Roberto Guiscard (apelidado de "O Astuto"), consolidou o poder normando sobre a Apúlia e a Calábria, recebendo do Papa Nicolau II o título de Duque em 1059.A vitória contra os bizantinos em Bari, em 1071, marcou o fim do domínio bizantino na Itália peninsular.


A Conquista da Sicília


Enquanto Roberto Guiscard expandia suas fronteiras, seu irmão Rogério de Altavilla empreendeu a conquista da Sicília, então controlada por dinastias muçulmanas. De acordo com Goffredo Malaterra, a conquista foi gradual e difícil, mas em 1091, Rogério havia tomado toda a ilha.


A Sicília tornou-se uma joia cultural e econômica, onde conviviam cristãos latinos, cristãos orientais, muçulmanos e judeus, em um dos ambientes mais tolerantes da época.


O Reino da Sicília


Em 1130, Rogério II, filho de Rogério I, foi coroado Rei da Sicília.A formação do Reino da Sicília unificou a ilha, o sul da Itália e partes da África do Norte sob uma administração centralizada.


Conforme Norwich descreve em The Kingdom in the Sun, Rogério II implementou uma administração altamente eficiente, adotando práticas tanto ocidentais quanto orientais.Sua corte em Palermo tornou-se um centro de cultura, ciência e arte, fundindo tradições normandas, árabes e bizantinas.


A arquitetura do período, como a Capela Palatina, atesta essa fusão de estilos.


Ramificações da Dinastia


A influência dos Altavilla ultrapassou a Itália:


  • Boemundo de Tarento, filho de Roberto Guiscard, participou da Primeira Cruzada e tornou-se o primeiro Príncipe de Antioquia, estabelecendo a Casa de Hauteville no Oriente, como relatado por Steven Runciman em A História das Cruzadas.


  • Outras casas derivadas incluem:


    • A Casa de Tarento

    • A Casa de Conversano

    • A Casa de Antioquia


Essas ramificações estenderam o nome Hauteville da Itália ao Oriente Próximo.


O Declínio dos Altavilla


O fim da dinastia começou no final do século XII.Após a morte do rei Guilherme II da Sicília em 1189 sem herdeiros diretos, o trono foi reivindicado por herdeiros alemães através de casamentos dinásticos, especialmente pela Dinastia Hohenstaufen.

Com a ascensão de Henrique VI e posteriormente de Frederico II, o Reino da Sicília foi incorporado ao Sacro Império Romano-Germânico, encerrando a linha principal dos Altavilla.


Legado


O legado dos Altavilla é imenso.Eles:


  • Transformaram o sul da Itália e a Sicília em centros de cultura, tolerância e prosperidade.

  • Criaram modelos administrativos avançados para a época.

  • Deixaram uma herança arquitetônica e artística de valor inestimável.

  • Provaram como a energia normanda moldou tanto a Europa ocidental quanto o Mediterrâneo oriental.


Norwich destaca que, mais do que meros conquistadores, os Altavilla foram hábeis construtores de civilizações.


Fontes


Goffredo Malaterra, De Rebus Gestis Rogerii Calabriae et Siciliae Comitis (Crônica dos feitos de Rogério, Conde da Calábria e Sicília)


John Julius Norwich, The Normans in the South e The Kingdom in the Sun


Steven Runciman, A História das Cruzadas


Alex Metcalfe, The Muslims of Medieval Italy (para contexto sobre a Sicília multicultural)

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