O mundo medieval no século XI
No século XI o mundo medieval estava em completa tensão e turbulência, a Europa se encontrava dividida em diversos reinos que ambicionavam influência e expansão, o outrora grande império carolíngio havia se fragmentado dando origem a novos estados e um novo ordenamento político e social, a dominação senhorial não encontrava limites, o contrato feudo-vassálico comportava a maioria das relações de poder que eram estabelecidas na Europa central, mas também provocava disputas internas e externas entre as aristocracias, reis, duques, condes, barões e marqueses que frequentemente se envolviam em disputas judiciais e militares internas e externas com outros reinos, ou até com a sua própria aristocracia interna.
A Igreja Católica do rito latino era agora uma instituição poderosa e que consolidava seu poder na Europa, detendo terras e frequentemente intervindo nas disputas políticas da aristocracia, a Inglaterra havia sido conquistada pelo Duque Guilherme da Normandia que também de acordo com a lei, era vassalo do Rei da França, ( uma das causas que viria a provocar a guerra dos cem anos no século XIV ) a Península Ibérica se encontrava ocupada pelo grande Califado Muçulmano de Córdoba, e poucos reinos espanhóis cristãos no norte resistiam a sucessivos ataques e imposições, o báltico e a Escandinávia ainda possuíam diversos reinos pagãos que guerreavam entre si e saqueavam reinos cristãos, no leste europeu, os príncipes russos de Kiev formavam cidades estados e adquiriam influência e renome com o Imperador Romano do Oriente ( também chamado de Império Bizantino ), o crescente poder do Sultanato Turco-Seljúcida e o Califado dos Fatimidas disputava pela hegemoniado poder no Oriente, e com grande velocidade ocupavam cada vez mais territórios que antes pertenciam ao Império Romano do Oriente, que também sofria incursões das hordas tártaras.
No ano de 1095, o Imperador Romano Alexios Komnenos, envia ao Papa Urbano II um apelo de socorro contra a expansão do Sultanato TurcoSeljúcida muçulmano que rumaria em breve para conquistar Constantinopla, a capital do império romano do oriente, e pedia auxílio para a reintegração de seus territórios perdidos na palestina. Estavam para começar uma série de campanhas militares contra os ditos pagãos, infiéis ou heréticos inimigos da igreja católica e da Cristandade Ocidental, as Cruzadas rumaram para o báltico, o oriente, e para a península ibérica, motivadas pela fé e sacrifício em nome de Cristo, razões econômicas, e políticas dentre outras, mudariam a conjuntura da Europa e do Oriente para sempre.
A primeira Cruzada
No ano de 1095, o Papa Urbano II, convocou membros do clero, da aristocracia senhorial e diversas entidades políticas e indivíduos de renome para a província de Auvergne na cidade de Clairmont no Reino da França, em seu discurso fervoroso, o Papa que no pedido de socorro do imperador romano, observou uma possibilidade de reafirmar seu poder como chefe da cristandade ocidental, expandir a influência política da Igreja e a sua própria e diminuir a influência do rito ortodoxo, além de repelir possíveis incursões muçulmanas que viriam a ocorrer nos Bálcãs caso Constantinopla caísse, convocou os fervorosos cristãos para o combate aos muçulmanos no oriente, dizendo que esta não era uma ordem apenas sua, mas do próprio Cristo que comandava o combate aos inimigos da fé que profanavam o seu Santo Sepulcro, garantia o perdão espiritual para aqueles que morressem na expedição, cuja meta e objetivo da expedição era conquistar Jerusalém das mãos muçulmanas.
no processo controlar rotas marítimas e econômicas da Palestina e mediterrâneo, aos gritos de “Deus Vult”, (Deus Exige) as Cruzadas começariam. Repúblicas italianas como Veneza e Gênova de início ficaram preocupadas que os cruzados pudessem prejudicar as rotas já estabelecidas e criadas, dada a instabilidade da ordem pública que se daria nas rotas por conta dos exércitos, mas acabaram no futuro e de forma rápida por participar das expedições as financiando e apoiando, mercadores italianos e suas cidades enriqueceram e se tornaram influentes e necessários para a entrada de especiarias, tecidos e produtos vindos do oriente.
Nobres de baixo e alto calibre buscavam a cruzada por diversas razões, alguns buscavam expandir suas terras e domínios, outros, o sacrifício na guerra santa em nome de Deus da mesma forma que Cristo teria se sacrificado pelos homens, garantindo assim, a remissão de seus pecados, a fuga das disputas que acometiam a Europa, exércitos buscavam ou o saque que era muito recompensador de batalhas e cidades, e até mesmo a busca pelo Santo Sepulcro de Jerusalém. A igreja católica latina, além de tudo, enxergava nas cruzadas a possibilidade de catalisar toda a sua capacidade de unir os exércitos europeus envolvidos em guerras internas contra um inimigo em comum.
Repúblicas italianas como Veneza e Gênova de início ficaram preocupadas que os cruzados pudessem prejudicar as rotas já estabelecidas e criadas, dada a instabilidade da ordem pública que se daria nas rotas por conta dos exércitos, mas acabaram no futuro e de forma rápida por participar das expedições as financiando e apoiando, mercadores italianos e suas cidades enriqueceram e se tornaram influentes e necessários para a entrada de especiarias, tecidos e produtos vindos do oriente.
Nobres de baixo e alto calibre buscavam a cruzada por diversas razões, alguns buscavam expandir suas terras e domínios, outros, o sacrifício na guerra santa em nome de Deus da mesma forma que Cristo teria se sacrificado pelos homens, garantindo assim, a remissão de seus pecados, a fuga das disputas que acometiam a Europa, exércitos buscavam ou o saque que era muito recompensador de batalhas e cidades, e até mesmo a busca pelo Santo Sepulcro de Jerusalém. A igreja católica latina, além de tudo, enxergava nas cruzadas a possibilidade de catalisar toda a sua capacidade de unir os exércitos europeus envolvidos em guerras internas contra um inimigo em comum.
Em uma campanha militar que começou em 1095, estima-se ter reunido ao todo, contando não só os cavaleiros cristãos e soldados comuns, mas comerciantes e servos, 5.000 cavaleiros e 35.000 cruzados, termo utilizado para denominar aqueles que lutavam nas guerras santas, liderados pelo nobre franco Godfrey de Boullion dentre outros barões e nobres normandos, tendo até um delegado papal liderando parte do exército, rumaram por grandes territórios e foram até Constantinopla, daí em diante a expedição começou. Após sucessivas batalhas e cercos, terminou em 1099 com a conquista de Jerusalém, e a derrota do exército muçulmano estacionado em Ascalon que ameaçava retomar a cidade dos cruzados, a primeira cruzada havia terminado, não devolvendo os territórios conquistados aos romanos, sob a alegação de pouco terem auxiliado na empreitada, mas fundando condados, principados e reinos no levante que ficaram conhecidos como “estados cruzados”.
Os estados cruzados foram importantes por alguns anos na manutenção do território, e garantiam o comércio de especiarias e produtos para a Europa, porém dada a dificuldade de manter os territórios em meio a tantas disputas políticas e poderosos inimigos em seus arredores, pouco a pouco foram sendo atacados e conquistados pelos muçulmanos fatimidas e seljúcidas, assim impulsionando futuras cruzadas para a terra santa.
O sucesso da Primeira Cruzada provocou uma onda de peregrinações que rumavam ao reino de Jerusalém, o cristianismo com força total se reafirmou na Europa, a figura do cruzado, o cavaleiro cristão que guerreava em nome da fé foi criada e exaltada por diversos membros do clero, cidades italianas como Veneza e Gênova enriqueceram vendendo especiarias, tecidos e inovações vindas do oriente, se tornando cidades ricas e poderosas. As hierarquias e sistemas políticos que na Europa foram aplicados nos estados recém criados, assim como suas rivalidades políticas internas e externas passaram a existir, ao ponto que muitas vezes, nobres europeus forjavam alianças com nobres muçulmanos em prol de um objetivo.
A cruzada na Península Ibérica
Mas, no extremo oeste da Europa havia uma cruzada acontecendo no próprio quintal de pequenos reinos cristãos que existiam na Ibéria. A Reconquista foi uma série de empreitadas militares chefiadas pelos reis hispânicos, portugueses e apoiados por diversos outros reinos e o próprio Papa contra o poderoso Califado de Córdoba que ocupava a maior parte dos territórios da chamada Al-Andalus (parte da Espanha e Portugal ocupada pelos mouros).
A cristandade na Península Ibérica também não era pouco fervorosa, onde hoje é a cidade de Santiago de Compostela na Galícia, no período medievo era um dos centros de peregrinação da cristandade, segundo a tradição, Santiago, apóstolo de Cristo, pregou os evangelhos na Península Ibérica e após sua morte, seus restos mortais foram transportados e sepultados no Reino da Galícia, muitos eram os que peregrinavam seguindo seu caminho.
Pouco a pouco em sucessivas empreitadas militares, os reis ibéricos foram retomando e em certas ocasiões perdendo parte do território que conquistavam, os reinos de Leão, Galícia, Navarra, Astúrias e o então condado portucalense, foram com o passar das empreitadas militares, progredindo e aumentado sua faixa territorial contra os mouros. Um destes reinos foi o de Portugal, fundado por Dom Afonso Henriques, seu primeiro rei, guerreou pela herança do condado portucalense contra sua mãe, Dona Tereza de Leão, e declarou vassalagem ao próprio Papa para que pudesse se proteger de incursões espanholas e se afirmar como chefe de um novo estado que viria a se tornar o reino de Portugal.
Os reis espanhóis hora aliavam-se entre si e cooperavam para o sucesso em empreitadas militares, hora se envolviam em rixas por motivos judiciais e territoriais. Uma das batalhas mais famigeradas da reconquista foi a de Las Navas de Tolosa, travada em 1212, que provou a capacidade dos reinos ibérico de se unirem contra um inimigo em comum.
O chamado do Papa Inocêncio III para este confronto uniu os reis ibéricos e seus exércitos de Portugal, Navarra, Leão, Castella e Aragão unidos, junto da Ordem dos Cavaleiros de Santiago da Espada, Ordem dos Cavaleiros de Calatrava, e a Ordem dos Cavaleiros Templários, formaram um exército de 40.000 cruzados que se reuniram em Toledo, liderados pelo Rei Alfonso VIII de Leão, os cruzados derrotaram os exércitos do Califado de Al-Andalus liderados por Muhammed-Al-Nasir com exércitos da própria península e nobres mouros e seus exércitos de regiões do califado no norte da África. A batalha foi vitoriosa para os cruzados, e foi de suma importância para futuras expedições que seriam lançadas até o fim da Reconquista em 1492 com a tomada da cidade de Granada pelos reinos Espanhóis que viriam a se unificar e formar o Reino da Espanha dada a junção da Coroa de Aragão e de Castella.
Acima, a Tomada de Lisboa, exércitos cruzados compostos por ingleses, germânicos e franceses que faziam escala em Portugal, foram convencidos a auxiliarem o Rei Alfonso o Conquistador, a tomarem a cidade de Lisboa dos mouros, que viria a ser a capital do reino português, o cerco envolveu forças cruzadas que viriam da Europa Central, exércitos portugueses e milícias. A cruzada na Península Ibérica foi sem dúvida uma das que obtiveram maior êxito e foram de suma importância para a formação dos futuros estados europeus que ali se consolidariam.
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