Na Alta Idade Média, a heresia se espalhou e a Igreja Cristã começou a vê-la como uma ameaça. Apesar dos esforços para deter os hereges, eles se expandiram de indivíduos para pregadores errantes e depois para movimentos internacionais. Cátaros e valdenses foram dois desses grandes movimentos.
Os Cátaros e suas Crenças
O fundador deste movimento não é conhecido historicamente. Eles foram notados pela primeira vez na Alemanha na década de 1140 e, na década de 1160, podiam ser encontrados em muitos lugares da Europa, especialmente no sul da França e no norte da Itália.
Teologicamente, os cátaros eram dualistas e sua crença central se opunha fortemente ao cristianismo. Eles acreditavam que Deus não criou o mundo em que vivemos, mas apenas criou o céu. Quem criou nosso mundo? Satanás. Assim, o céu era bom e nosso mundo material era mau e corrupto. Em sua crença, Deus e Satanás tinham poder igual, e Satanás estava atraindo anjos para fora do céu. Esses anjos foram enviados ao nosso mundo como humanos sem memória de sua origem divina. Deus então enviou Jesus para lembrar as pessoas de que deveriam voltar para o céu. Os cátaros consideravam que o meio de retornar ao céu era consolamentum.
Consolamentum era um ritual para garantir que a alma de alguém voltasse para o céu. Se uma pessoa morresse sem a cerimônia, sua alma seria passada para outro ser humano, não para o céu. Cátaros normais receberam Consolamentum muito perto de sua morte, mas não seus pregadores. Os pregadores cátaros ou 'perfecti' recebiam o Consolamentum cedo na vida e depois tinham de viver de acordo com as regras dos pregadores: celibato vitalício e não comer nada que fosse de forma alguma produto de relações sexuais, o que significava, sem carne, sem ovos, sem queijo. As pessoas normais tinham que jejuar (chamado “endura”) após o Consolamentum e parar de comer e beber. Assim, eles tiveram que receber nutrientes muito perto de sua morte, ou endura poderia matá-los.
Valdenses
Os valdenses não eram apenas diferentes, mas também críticos dos cátaros. Peter Valdez – ou Waldo – fundou esse movimento, em 1173, abrindo mão de toda a sua riqueza significativa e optando por viver como mendigo errante. Ele morava na cidade de Lyon, no centro-sul da França. Sua esposa aceitou sua decisão e Valdez começou uma vida diferente.
Ele ganhou seguidores enquanto vagava e pregava, apesar de não ter uma licença oficial. Waldo e seus pregadores foram detidos pelo bispo local e se mudaram para Roma, onde se encontraram com o Papa em 1179. Na década de 1180, os valdenses foram oficialmente anunciados como hereges. Waldo nunca foi preso, mas condenar os valdenses os levou à verdadeira heresia.
Peter Valdez e outros pregadores cátaros, homens e mulheres, eram chamados de 'Barba's. se um Barba chegasse à cidade, outros valdenses o encontrariam secretamente, confessariam seus pecados, dariam abrigo a ele e o ajudariam a chegar à próxima cidade. Eles pregavam que os sacramentos eram inúteis para a salvação. Eles também condenaram o clero católico como sendo indigno de ocupar um cargo religioso. No entanto, sua característica mais marcante era que eles insistiam em uma interpretação literal da Bíblia. Eles insistiram no direito de ler a Bíblia por si mesmos.
Os valdenses tentavam viver estritamente baseados na Bíblia. Por exemplo, porque a Bíblia diz: 'Não jure de forma alguma', os valdenses evitavam palavrões. Isso foi usado como uma técnica para encontrar valdenses: eles pediam a uma pessoa acusada que fizesse um juramento e, se não o fizessem, eram valdenses.
Tanto os cátaros quanto os valdenses contribuíram muito para as reformas religiosas dos séculos seguintes, apesar de todos os esforços para detê-las e executá-las.
Fonte - Moore, R. I. (2012a). The War on Heresy
Barber, Malcolm (2000), The Cathars: Dualist heretics in Languedoc in the High Middle Ages
Audisio, Gabriel (1999) The Waldensian Dissent: Perseguition and Survival, c.1170–c.1570
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